quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Dispensador de camisinha do AP vira modelo para Ministério da Saúde

08/06/2013 08h35 - Atualizado em 08/06/2013 08h35

Caixa é adaptada na própria embalagem das camisinhas. 
A invenção é utilizada em bar e escola em Macapá.


Os enfermeiros Vencelau Pantoja e Sávio Sarquis criaram um dispensador alternativo de camisinhas que chamou a atenção do Ministério da Saúde. O dispensador foi adaptado na própria embalagem de papelão que vem o preservativo, a caixa serve de depósito de camisinhas. O dispensador é abastecido pela Secretaria de Estado da Saúde e distribuída para as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município, escolas e espaços públicos.

Dispensador de papelão (Foto: Vencelau Pantoja/ Arquivo Pessoal)Dispensador de papelão (Foto: Vencelau Pantoja/ Arquivo Pessoal)

"A nossa ideia era criar algo que fosse ao mesmo tempo ecologicamente correto e de fácil aquisição. Seguindo esta linha nós desenvolvemos os dispensadores através das caixas dos preservativos, dessa forma não necessitaremos de dispensadores de acrílico, o que economiza tempo, dinheiro e ainda ajuda o meio ambiente”, afirma Vencelau Pantoja.

Em 2012, o enfermeiro Vencelau Pantoja ministrou uma oficina de dispensadores no Congresso Brasileiro de Prevenção de DST/AIDS, promovido pelo Ministério da Saúde (MS). “Nesse evento o Ministério tomou conhecimento da nossa criação e se interessou em adotar esse método como mais uma estratégia para disseminar o uso do preservativo”, afirma Vencelau.
Em Macapá 20% das UBSs já têm os dispensadores alternativos. Os municípios de Calçoene,Amapá, Santana e Oiapoque, incluindo áreas indígenas, também receberam o recipiente.

De acordo com o Departamento de DST/AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, o ministério já articula junto à fábrica de preservativos masculinos Natex para que ela comece a fornecer o preservativo na caixa já picotada, pronta para ser transformada em um dispensador. Segundo o Ministério da Saúde, seria de extrema relevância difundir por todo o Brasil. Por isso, a organização vai dar início às negociações com a empresa fabricante.
Caixas nas escolas
Na escola de ensino médio Carmelita do Carmo, em Macapá, localizada no bairro Buritizal, o dispensador virou motivo de palestras para pais e filhos realizadas pelo Grupo de Adolescentes Prevenidos (GAP ), criado pelo enfermeiro Vencelau.
Dispensador na escola (Foto: Vencelau Pantoja/ Arquivo Pessoal)
Dispensador na escola (Foto: Vencelau Pantoja/ Arquivo Pessoal)
Com alunos na faixa etária de 15 a 40 anos, a escola enfrentou resistência para implantar o projeto. A professora Paula Silva esclarece que a escola não incentiva os nossos alunos a fazerem sexo. “Nós educamos. Nossos jovens estão informados do que deve ser feito em relação a prevenção. Por isso, o índice de gravidez, por exemplo, aqui na escola é bem menor em relação a outras”, avalia.

Para implantar o projeto, a escola contou com o apoio da Secretaria de Estado da Educação, através do programa Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE). “A educação sexual deve estar no currículo escolar e não deve ser tabu em nenhuma instituição de ensino”, afirma.

No Bar do Evaristo Araújo Neto, localizado no Buritizal, o proprietário aprovou a ideia do dispensador de camisinhas. “Na minha opinião este é um lugar apropriado para ter um dispensador. Aqui as pessoas estão vulneráveis por conta da bebida alcoólica. O dispensador fica fora do bar e todos podem pegar um preservativo. Aqui perto tem um ponto de prostituição. Muita gente vem  pegar o preservativo”, declara Evaristo Araújo.

Camisinha gigante
O enfermeiro Vencelau Pantoja também criou um protótipo de preservativo masculino para fazer demonstrações de manuseio em oficinas e palestras. E foi durante uma oficina sobre Educação Sexual, realizada em 2007, em São Paulo, que a empresa Semina Educativa, que produz e comercializa materiais de educação sexual, conheceu a ideia e hoje já utiliza para produzir materiais educativos. “A empresa fabrica e comercializa camisinhas masculinas gigantes feitas de pano. E esse material vem com o meu nome”, relata Vencelau Pantoja.
Enfermeiro Vencelau Pantoja (Foto: Vencelau Pantoja/ Arquivo Pessoal)Enfermeiro Vencelau Pantoja (Foto: Vencelau Pantoja/ Arquivo Pessoal)
O acesso aos preservativos é um direito de todos e não necessita de prescrição médica. “As pessoas podem pegar em qualquer unidade de saúde a quantidade que necessitarem. O importante é se prevenir”, afirma o enfermeiro.


Profissionais de enfermagem são maioria na prevenção à aids


Com uma camisinha gigante feita de pano, o enfermeiro Vencelau

Com uma camisinha gigante feita de pano, o enfermeiro Vencelau Pantoja demonstra, para turmas de adolescentes, a forma correta de usar o preservativo masculino. A criatividade é aliada da prevenção às doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e aids, missão assumida por milhares de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem em todo o Brasil. A categoria mais numerosa da área da saúde também é maioria na prevenção.
Dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde são alarmantes: na última década, a incidência da doença cresceu em todas as regiões do Brasil, exceto o Sudeste, onde houve um pequeno recuo. As pesquisas indicam um elevado grau de conhecimento sobre as formas de transmissão da doença, mas a informação sozinha nem sempre basta para mudar atitudes. Esse é o grande desafio indicado pelos profissionais de enfermagem que atuam na prevenção.
Além do preservativo gigante, Vencelau também criou, junto com o enfermeiro Sávio Sarquis, um dispensador alternativo de camisinhas, adaptando a embalagem de papelão dos preservativos. Testada a aprovada no Amapá, a ideia tem sido utilizada em oficinas de prevenção em todo o país.
Prevenção à aids
“Além de prático, o dispensador possibilita agregar valor de prevenção. Realizamos oficinas lúdicas com diversos públicos para a confecção customizada dos dispositivos, que envolvem o participante em todas as etapas de incorporação de princípios preventivos”, conta Pantoja, conselheiro do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). O enfermeiro destaca a necessidade de adotar estratégias para sensibilizar cada público específico, sem deixar de lado os aspectos afetivos, que podem facilitar ou dificultar as atitudes de prevenção.
O profissional de enfermagem que não trabalha diretamente nas campanhas de prevenção às DSTs/Aids também tem o papel importante na política de prevenção, por meio do acolhimento humanizado, com orientação ao paciente e formação de vínculo com a comunidade.
Dados epidemiológicos apontam a infecção por doença sexualmente transmissível (DST) é um dos fatores de risco para contrair o HIV. Falar abertamente sobre prevenção, com sensibilidade, é um dos papéis dos enfermeiros, que, na atenção primária, já atuam com sucesso no tratamento das DSTs por abordagem sindrômica.
Fonte: COFEN - http://se.corens.portalcofen.gov.br/profissionais-de-enfermagem-sao-maioria-na-prevencao-a-aids_3725.html